terça-feira, 18 de janeiro de 2011
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
"Não quero luxo, nem lixo"
Não que eu quisesse, mas por falta de opção, fiquei em casa no domingo e por conta disso acabei assistindo a péssima programação que temos na televisão, mas em um determinado momento minha atenção foi chamada.
Foi quando vi não sei em qual programa e muito menos de qual emissora e isso não vem ao caso agora falando sobre o Principado de Mônaco, o km² mais caro do mundo, onde Ferraris andam nas ruas como fuscas andam pelo Brasil, onde um apartamento com menos de 200m² custa em torno de 15 ou 20 milhões de reais, os seus moradores não pagam imposto de renda, cassino é permitido, onde não existe assalto aos civis (os ladrões de lá se especializam em bancos e joalherias) e caso você enjoe dessa vida de marajá, você pode dormir na sua lancha, o que é bem comum.
Imediatamente quis fazer minhas malas e cair de pára-quedas lá, foi quando comecei a ter um leve choque de realidade, choque esse que foi dado pela minha irmã que começou dizendo: “acorda maluca, você acha que é só assim é, fez a malas e foi?! Primeiro você tem que ter o dinheiro da passagem, o visto, uma autorização especial para entrar lá e mais do que isso, dinheiro pra ficar lá, afinal como você viu, lá não tem pobre, nem pedinte.”
Pra não ficar por baixo comecei a dizer: “mas quem disse que lá faz meu tipo?! Falei só por falar, pensando bem deve ser um saco morar onde só tem rico, onde as mulheres não precisam trabalhar e ficam ocupando suas cabeças em falar mal dos maridos com as outras mulheres que falam mal dos maridos, os homens devem ficar falando de suas mulheres e de suas amantes, tem aqueles que para mostrar que são mais finos que os outros costumam cheirar a rolha do vinho só pra dizer que entende do assunto (odeio esses homens que cheiram rolhas), falando que trocou da Ferrari preta, por uma BMW... muita riqueza financeira e pouca riqueza de espírito, não dá pra mim.”
Depois de dizer isso me sinto quase uma Gandhi, “gandhissíssima” mentirosa, mas se a intenção era não sair perdendo, cá estou, vitoriosa e bem sucedida em alguma coisa.
domingo, 22 de novembro de 2009
A felicidade tem preço e localização
A existência de condomínios de luxo não é nenhuma novidade para nós brasileiros quando se tratam de grandes centros urbanos, como: Rio de Janeiro e São Paulo. Que dispõe de uma numerosa quantidade de empresários milionários que podem costear esse padrão de vida tão cobiçado pela massa.
Mas o que vem surpreendendo a cada dia é o “boom” desses mesmos condomínios dentro da capital baiana: Salvador. O que nos leva a refletir sobre a possibilidade que o padrão de vida dos baianos esteja melhorando, já que eles agora podem adquirir esses imóveis. Quando as empresas responsáveis pela construção desses condomínios de luxo mostram em seus comerciais a “qualidade de vida” que eles buscam oferecer a você novo morador, deixam todos encantados e querendo de fato possuir tal bem.
Quando descobre-se que aquela parcela a partir de no mínimo R$500,00 podem durar ao longo de trinta anos de sua vida, neste exato momento que você percebe que não pertence a aquele mundo perfeito que oferecem nos deslumbrantes comerciais: Espaço gourmet, fitness, sala de vídeo, jardins, parque infantil, piscinas, estacionamento privativo, pista para pouso, quadras de tênis, campo de futebol, salão de festas, boates e tudo que o luxo, bom gosto e dinheiro pode proporcionar. Porque não é a você que eles buscam e sim os poucos ricos de Salvador, afinal eles não merecem morar em um lugar que não seja razoavelmente perfeito.
E é isso que Canclini mostra e discute no seu livro “Consumidores e Cidadãos”, que ninguém nunca está devidamente satisfeito com o que possui, e a busca pelo melhor é tão exacerbada que cegam as pessoas.
“... Para vincular o consumo com a cidadania, e vice-versa, é preciso desconstruir as concepções que julgam os comportamentos dos consumidores como predominantemente irracionais e as que somente vêem os cidadãos atuando em função da racionalidade dos princípios ideológicos.” (CANCLINI, p.35)
Hoje possuir algo de alto valor diz muito mais que apenas saciar o seu ego de consumidor, diz o seu padrão de vida, o cargo que ocupa em uma determinada empresa ou órgão público, e quer dizer principalmente que você é melhor que o outro. Obter um imóvel nesses novos condomínios é como um “divisor de águas” é querer exercer uma soberania sobre a outra classe que não tem condições de obter o mesmo padrão de vida, assim estereotipando o nível sócio- intelectual desses novos moradores.
Depreciar uma classe em favor de outra é comum quando se trata de valores econômicos, consumir faz parte de um cenário de disputas que a sociedade cria como forma de aumentar a venda, e essas situações são provocadas pelos setores populares. A idéia de viver bem é comercializada por muitos como parâmetros de felicidade ou pelo menos de que só se possa ser feliz da maneira como eles vendem.
Hoje com o volume oferecido de condomínios de luxo na grande Salvador a “briga” agora é pela preferência dos novos condôminos e para isso as empresas responsáveis estão dispondo de mais infra-estrutura e melhores condições de pagamento.
Por conseguinte fica claro que, as teorias de Canclini cruzam-se durante todo o nosso meio sócio-cultural, levando a refletir como nós cidadãos somos levamos a nos comportar mais como consumidores, esquecendo que todos os cidadãos brasileiros e em especial baianos, logo que o texto fala sobre o desenvolvimento desenfreado de condomínios de luxo em Salvador tem direito a boa moradia, independente se ela é para poucos privilegiados. O direito que um individuo possui, o outro também possui, porque é assim que rege a Constituição Brasileira.
Mudanças Sociais nas telas dos cinemas
Realidade ou Ficção?
Eram milhares de pessoas, entre elas repórteres, fotógrafos, cinegrafistas e curiosos que se amontoavam para ver o que estava acontecendo, toda aquela situação também era vista ao vivo por todo um país graças ao recurso de lentes e microfones espalhados pelo local, imagens da Central de Trânsito também foram usadas pela tevê. O espetáculo tinha se formado e todos os gestos, palavras e atitudes eram devidamente mostrados, como em um filme.
Como em todo filme que se preze, tem que haver um bandido e o desse filme, foi um garoto que aos seis anos de idade, filho de pai desconhecido viu sua mãe ser assassinada dentro de casa. Por conta disso foi morar na rua. Na adolescência sobreviveu a tão famosa chacina da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. Teve sua prisão efetuada por diversas vezes, mas sempre conseguia fugir. Foi apelidado por seus colegas de rua como “Mancha”, pois era uma característica que marcava sua face. Para completar o roteiro do filme, um ônibus com trabalhadores e estudantes foi seqüestrado e a polícia parecia incapaz de lidar com uma situação até então incomum: um seqüestro com reféns transmitido ao vivo.
O nome do filme é Ônibus 174 e esse ator principal é o Sandro Nascimento, menino que não foi parido pelo Estado, não foi criado pelo Estado, mas foi morto por um Estado que não teve e não tem competência de cuidar desses garotos que por algum motivo ou outro acabam saindo de suas casas para viver nas ruas em busca de algo que nem eles mesmos sabem se vão encontrar. Esse incidente ocorreu no dia 12 de junho de 2000 no Rio de Janeiro que culminou com a morte do seqüestrador e de uma das reféns, Geisa Gonçalves, com tiros disparados pelo “bandido” e pela polícia.