domingo, 22 de novembro de 2009

A felicidade tem preço e localização

A existência de condomínios de luxo não é nenhuma novidade para nós brasileiros quando se tratam de grandes centros urbanos, como: Rio de Janeiro e São Paulo. Que dispõe de uma numerosa quantidade de empresários milionários que podem costear esse padrão de vida tão cobiçado pela massa.

Mas o que vem surpreendendo a cada dia é o “boom” desses mesmos condomínios dentro da capital baiana: Salvador. O que nos leva a refletir sobre a possibilidade que o padrão de vida dos baianos esteja melhorando, já que eles agora podem adquirir esses imóveis. Quando as empresas responsáveis pela construção desses condomínios de luxo mostram em seus comerciais a “qualidade de vida” que eles buscam oferecer a você novo morador, deixam todos encantados e querendo de fato possuir tal bem.

Quando descobre-se que aquela parcela a partir de no mínimo R$500,00 podem durar ao longo de trinta anos de sua vida, neste exato momento que você percebe que não pertence a aquele mundo perfeito que oferecem nos deslumbrantes comerciais: Espaço gourmet, fitness, sala de vídeo, jardins, parque infantil, piscinas, estacionamento privativo, pista para pouso, quadras de tênis, campo de futebol, salão de festas, boates e tudo que o luxo, bom gosto e dinheiro pode proporcionar. Porque não é a você que eles buscam e sim os poucos ricos de Salvador, afinal eles não merecem morar em um lugar que não seja razoavelmente perfeito.

E é isso que Canclini mostra e discute no seu livro “Consumidores e Cidadãos”, que ninguém nunca está devidamente satisfeito com o que possui, e a busca pelo melhor é tão exacerbada que cegam as pessoas.

“... Para vincular o consumo com a cidadania, e vice-versa, é preciso desconstruir as concepções que julgam os comportamentos dos consumidores como predominantemente irracionais e as que somente vêem os cidadãos atuando em função da racionalidade dos princípios ideológicos.” (CANCLINI, p.35)

Hoje possuir algo de alto valor diz muito mais que apenas saciar o seu ego de consumidor, diz o seu padrão de vida, o cargo que ocupa em uma determinada empresa ou órgão público, e quer dizer principalmente que você é melhor que o outro. Obter um imóvel nesses novos condomínios é como um “divisor de águas” é querer exercer uma soberania sobre a outra classe que não tem condições de obter o mesmo padrão de vida, assim estereotipando o nível sócio- intelectual desses novos moradores.

Depreciar uma classe em favor de outra é comum quando se trata de valores econômicos, consumir faz parte de um cenário de disputas que a sociedade cria como forma de aumentar a venda, e essas situações são provocadas pelos setores populares. A idéia de viver bem é comercializada por muitos como parâmetros de felicidade ou pelo menos de que só se possa ser feliz da maneira como eles vendem.

Hoje com o volume oferecido de condomínios de luxo na grande Salvador a “briga” agora é pela preferência dos novos condôminos e para isso as empresas responsáveis estão dispondo de mais infra-estrutura e melhores condições de pagamento.

Por conseguinte fica claro que, as teorias de Canclini cruzam-se durante todo o nosso meio sócio-cultural, levando a refletir como nós cidadãos somos levamos a nos comportar mais como consumidores, esquecendo que todos os cidadãos brasileiros e em especial baianos, logo que o texto fala sobre o desenvolvimento desenfreado de condomínios de luxo em Salvador tem direito a boa moradia, independente se ela é para poucos privilegiados. O direito que um individuo possui, o outro também possui, porque é assim que rege a Constituição Brasileira.

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